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Editorial edição 92
O 3º Campeonato Nacional de Dança de
Salão, em Recife, e o Baila Floripa, em Florianópolis,
acompanhados pelo jornal Dance, foram momentos muito especiais da
dança de salão brasileira, entre 22 de abril e 3 de maio. Nos
dois Estados, com a necessária moderação no uso do
dinheiro público, o apoio oficial foi justo e elogiável.
Esta edição, com 16 páginas, das quais 8 coloridas,
reflete uma grande fase da dança brasileira, especialmente na
dança de salão. Informação é o que
não falta, e isso não significa nem sombra do que rola por
todo o país, onde são realizados anualmente cerca de 150
festivais, além de outros incontáveis espetáculos,
eventos e festas onde a dança está presente. Tudo bem que se
cobre qualidade e se condene certos esquemas meramente comerciais. Bem ou
mal, o importante é que há muita gente dançando,
descobrindo e aprimorando seu corpo e sensualidade. Reduzindo ou até
mesmo, ainda que mais difícil, eliminando a tensão e o
estresse. Sempre é bom repetir que nada é melhor do que a
música e a dança para expressar a espontaneidade e
temperamento de um povo. Somando todos os gêneros e todas as idades,
do mais clássico ao mais popular, inclusive o Carnaval, temos hoje no
Brasil uma notável população de bailarinos e
dançarinos. Quem entra na dança adquire um passaporte para uma
vida melhor. É algo com dezenas de vantagens e sem uma única
desvantagem. Por isso não é exagero dizer que quantos mais
brasileiros dançarem, melhor e mais alegre também será
nosso país. O crescimento da rede de escolas de danças, e do
número de eventos, é valiosa contribuição para
essa evolução. Toda ajuda dos poderes públicos à
dança, portanto, deve ser celebrada como conquista de uma sociedade
que se agrega em torno de valores humanos e de qualidade de vida,
valorizando a paz e a integração racial. Parabéns ao
governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, do PMDB, que viabilizou com
dotação de 47 mil reais a realização do 3º
Campeonato Nacional de Dança de Salão. Não é
nenhuma fortuna, não quebrou os cofres públicos, e
proporcionou lazer e alegria a um considerável público,
além de enriquecer a vida cultural do Estado. Em Santa Catarina, no Baila Floripa, entrou o patrocínio da
Fundação Franklin Cascaes, vinculada ao município e
presidida por Lélia Nunes. A base do apoio foi a lei municipal de
incentivo à cultura. Além de Lélia Nunes, a
dança de salão conta com a simpatia de Edson Busch Machado,
diretor-geral da Fundação Catarinense de Cultura, do Estado.
Artista plástico, mas com longa trajetória nas áreas de
produção e promoção da dança, Edson
Machado presidiu durante seis anos e deu novas feições ao
Festival de Dança de Joinville. Executivo da confiança do
governador Luiz Henrique da Silveira, agora totalmente radicado em
Florianópolis, é amigo há vários anos de
Lélia Nunes. Isso facilita saudável troca de
cooperação e Edson Machado promete também ajudar a
dança de salão no que for possível, apesar das
dificuldades orçamentárias do setor, onde a verba praticamente
só cobre o custeio. Terceiro Campeonato Nacional de Dança de Salão, em Recife;
Baila Floripa – II Mostra de Dança de Salão de
Florianópolis; 2ª Mostra Coreográfica de Dança de
Salão e I Salão Rio Dança, no Rio de Janeiro; Festival
de Joinville, em Santa Catarina; ENDA 2003, em São Paulo. Eventos
onde Dance esteve nos últimos dias, ou ainda estará,
até julho, fora outros ainda por confirmar, no interior de São
Paulo e outros estados. Ufa, haja fôlego para tanta viagem, entrevistas, fotos e...
passeios e vida noturna, claro, porque nem só de trabalho vive o
homem. Em Recife, por exemplo, conduzidos por um novo amigo, o ator e
apresentador de espetáculos Sérgio Gusmão, visitamos o
grande museu e oficina do pintor e escultor Francisco Brennand, onde tivemos
a inesperada e grata surpresa de ser recebidos por ele. O colossal conjunto,
formando uma vila de arte, longe da cidade, e restaurado das ruínas
de uma fábrica, em 1971, hoje é um dos principais pontos
turísticos do Recife. A conversa durou cerca de 40 minutos, ao lado
do atelier onde trabalha a equipe de Brennand, mas foi suficiente para nos
encantar por sua inteligência e brilho, sem afetações
intelectuais. A agradável prosa do recifense Brennand é a de
um cidadão do mundo, que muito assimilou de outras culturas,
retribuindo com sua arte vigorosa e instigante. Até o trivial, na sua
voz, tem pinceladas da sabedoria de quem viveu e ainda vive intensamente,
mesmo reduzindo o ritmo e as viagens, às vesperas de completar 77
anos, em 11 de junho. Momentos assim são realmente especiais. De Recife, e depois Florianópolis, trouxemos um animador panorama
da dança de salão brasileira neste 2003, que nos
próximos dias de maio será costurado também com a
2ª Mostra Coreográfica, criada e dirigida por Edézio Paz,
do "Jornal da Dança", do Rio. Lá teremos a honra de
receber uma homenagem por nossa luta de quase 9 anos na
divulgação da dança. Ainda não podemos falar do
evento do Rio, mas antevemos horas de grande emoção,
assegurada pela tradição de qualidade dos dançarinos
cariocas. Certamente eles nos proporcionarão muito orgulho, como
aconteceu em Recife e Floripa, como carinhosamente todos chamam a capital
catarinense. Orgulho de ter nascido num país onde se dança
cada vez mais, e cada vez melhor, sob a benção de um Deus que
nos deu também o melhor clima e as mais belas paisagens do planeta. Milton Saldanha Jornalista |
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