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COLUNA DA CAMINADA
BALLET NO RIO 1. O Dia Internacional da Dança que acontece todo 10 de maio foi muito bem representado pela gala da UERJ. Desde que assumiu a direção do excelente Teatro Odylo Costa, filho, Dino Carrera dinamizou-o e conferiu-lhe visibilidade, transformando-o numa importante referência das artes cênicas. O espetáculo, de alto nível, teve a direção de Carrera e Maria Lúcia Galvão, única professora de dança da Instituição, Mestra em Ciência da Arte, profissional competente e de integridade ímpar. Bill T. Jones abriu a gala com uma palestra aberta e simpática; seguiu-se a Escola Nacional de Circo que entusiasmou o público com sua ingenuidade e caráter lúdico em ‘Fuga’ e ‘Tecidos’. A apresentação do Ballet Jovem dirigido por Mariza Estrella representa a afirmação do atual bailarino brasileiro. Estamos dançando muito bem, achem ou não os estrangeiros que conosco vêm trabalhar; a companhia está linda, disciplinada (viva Alda Marques), bem preparada (todos os méritos para Angélica Fiorani e Sérgio Lobato), bem vestida, com excelente repertório e porta-se em cena com o encanto de amadores e a desenvoltura de profissionais. O ‘Sextett’ (criação de extrema musicalidade de Ricardo Fernando) impressionou muito e destacou a atuação irretocável do grupo. Apenas uma nota: ainda que ótimas, as coreografias estão muito semelhantes; pelo que mostraram creio que os meninos podem ousar mais em estilos diferentes. O Vacilou Dançou mostrou o bem-humorado ‘Mãos...sss’ de Andrea Dias com a marca registrada da companhia: qualidade de criação, disciplina e bons bailarinos. Clébio Oliveira, bailarino do elenco de Carlota Portella, também não desperdiçou sua oportunidade apresentando em ‘Espera’ excelentes momentos de conjunto. Maya Dumchenko e Thiago Soares dançaram o grand pas-de-deux de ‘D. Quixote’. Ela correta; ele um cavalo pura raça, classudo, um bailarino nobre. O evento marcou o lançamento do Instituto de Artes da UERJ. A idéia de associar sua criação a Dalal Achcar, artista com trânsito político e social internacional, prestando-lhe uma homenagem mais do que justa foi perfeita; a união desse acontecimento com a apresentação comovente das crianças do Centro Calouste Gulbenkian, orientado por Maria Lúcia contando com a presença insubstituível de Vera Lopes deu ao evento um significado simbólico de expressiva dimensão. Ali estava a contemporaneidade da dança representada em todas as suas possibilidades, da pós-modernidade ao clássico. A ênfase na autêntica música popular brasileira, a espontaneidade e o corpo dançante da garotada do Calouste combinaram harmoniosamente com o refinamento de Carrera conduzindo ao palco a ‘Dama do Ballet Brasileiro’ onde lhe foi entregue o troféu Terpsícore, design concebido por Max Vítor, aluno da própria UERJ. Dalal parecia tão emocionada quanto as crianças encantadas de participar daquela noite. Lúcia e Vera souberam onde, como e para quem mostrar o papel social da dança quando dirigida por pessoas competentes, idealistas e generosas. Vaidade? Mídia? Elas não trabalham com essa idéia. Eugênia Feodorova, Eric Valdo, Eliana Karin, Roberta Marques, Cláudia Motta, Luís Florião, Adriana Rosa, Maribel Portinari, Maria Luíza Noronha, Vilma Vernon, Aparecida Lima estavam entre os que prestigiaram a concorridíssima gala. Ana Botafogo, Angel Vianna e esta bailarina colaboraram com depoimentos sinceros falando sobre a importância da homenageada para o ballet nacional enquanto no palco novas imagens se projetavam, inclusive a de Maria Lúcia Galvão, de quem ainda muito se ouvirá falar na nossa mágica cidade. *** 2. Todos os méritos do inesquecível espetáculo que reuniu no Municipal Rostropovitch e Vassiliev, aos bailarinos da companhia que, com apenas 22 ensaios, conseguiram levar para a cena uma obra com a complexidade do Romeu e Julieta de Prokofiev. O permanente preconceito da cobertura jornalística contra o ballet clássico não prevaleceu em relação ao público que lotou e ovacionou nossos artistas, sempre tão criticados. *** 3. Atenção! O DeAnima está de volta! Richard Cragun, detentor do Kammertänzer, comenda criada pela Alemanha especialmente para contemplá-lo, Roberto de Oliveira, um dos mais promissores talentos da nova geração de coreógrafos, e a DeAnima Ballet, companhia oficial da Cidade do Rio de Janeiro iniciam, na primeira 5ª feira de julho estendendo-se ao último domingo do mesmo mês, no Teatro Carlos Gomes, nova temporada apresentando, desta vez, a super produção ‘Cinderela’. O espetáculo que estreou na Ópera de Berlim em 1997 obtendo grande sucesso de crítica e público envolve os 26 bailarinos da companhia, 10 figurantes de seu projeto social e 16 artistas coadjuvantes interpretando a irônica e difícil partitura de Prokofiev. Oliveira transporta sua Cinderela para o sempre atual mundo da alta costura e propõe que, ser feliz é ‘Transformar-se naquilo que verdadeiramente se é!’ A produção conta com mais de 80 figurinos de Giuseppina Messina e com a cenografia de Stefan Morgenstern. A excelência das aulas de Rosalia Verlangieri tem permitido à direção da companhia imprimir um ritmo fortíssimo ao trabalho dos seus integrantes; até o final do ano prevê-se a vinda de William Forsithe para montar, pela primeira vez, um ballet para bailarinos brasileiros. *** 4. Sucesso! O trabalho de Armando Nesi, Roberto Lima, Arabel Issa e Dudu Gama à frente da Escola de Teatro Martins Penna deu bons frutos. Convidados pela direção do Teatro do Centro Cultural do Tribunal de Justiça os artistas reapresentaram o espetáculo Cinco x Dança mostrando, mais uma vez, o que podem render atores quando orientados por profissionais de dança competentes e talentosos. Insisto em afirmar o que talvez nem os atores que participam do espetáculo saibam: o que eles estão fazendo é dançar mesmo, algo muito além da mera movimentação cênica de corpos com coordenação deficiente, sem qualquer plasticidade ou consciência da utilização do palco. A iniciativa merece apoio e tem recebido os mais sinceros elogios de Lourdes Braga, Emílio Martins, Eric Valdo, Edy Diegues entre outras figuras notáveis da dança. Parabéns!
Eliana
Caminada é professora de História da Dança na
UniverCidade e Universidade Castelo Branco
e
foi primeira bailarina do Theatro Municipal RJ
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pessoal:
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