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O MUNDO DA DANÇA EFICIÊNCIA: A CARA DO 2005 Em 1905 Picasso iniciava a sua
fase rosa ao som de A Viúva Alegre de Léhar e do outro lado do oceano se
inaugurava a primeira sala de cinema (com entrada a 5
centavos de dólar). Mata Hari debutava como bailarina no Museu Guimet de Paris
e Fokine estreava sua primeira coreografia. Esse ano é também apontado como o
da criação da primeira versão de “A morte do Cisne” (a segunda e mais conhecida
é a de 1907), Fokine coloca no corpo de Pavlova a semente da modernidade. O
ballet jamais seria o mesmo. Pregando e buscando uma nova dança Loie Füller,
Isadora Duncan, Maud Allan e Ruth St. Denis ocupavam os palcos, era o curioso
parto da dança moderna. A arte jamais seria a mesma. Um século depois, o quinto ano da centúria também
ameaça ser marcante. Na temporada 2005 começou a cobrar visibilidade um dos
possíveis adjetivos adjudicáveis ao ano em curso: Eficiência, ou seja capacidade para lograr um efeito determinado. Eficiência como a do Nederlands Dans Theater, que
terminou o ano com suas três formações (NDT 1, NDT 2 e
NDT 3) em uma temporada de Jubileu com o título de “Three Dimensions of Dance”;
e já na primeira semana de fevereiro a sua Main Company estreou um
programa misto com uma obra do canadense André Gingras e outra do italiano Jacopo
Godani; ambos de linguagem enérgica e de risco. Atualmente já estão ensaiando
duas estréias para abril; uma de Kylián e outra do cotado binômio
Lightfoot/León. Em seguida, o NDT 2 estréia
na última semana de fevereiro “Moods & Moves”, que reúne uma estréia do coreógrafo residente Paul Lightfoot em co-autoria com a sua
esposa Sol León e outra de Gustavo Ramirez Sansano. A eficiência também está em foco na contemporaneidade
parisiense, que nunca perde o norte. O flamante teatro do Centre National de
la Danse que começou o ano com a polêmica produção de l’enfant terrible
da pós-modernidade francesa, Jérôme Bel e ainda em janeiro sua companhia
residente, a cargo do promissor Rachid Ouramdane apresentou com êxito “À l’oeil
nu”. Uma nova Consagração da Primavera de Katarzyna Kozyra; um colóquio
internacional: TransFormes e um ciclo de filmes
experimentais completou a programação do primeiro mês do ano. Fevereiro abriu
com um programa mosaico do Ballet de l’ Opéra National de Lyon, que à beira de
sua segunda década de atividade mostra obras primas de Jiri Kyliàn, Trisha
Brown, Mats Ek, William Forsythe, Nacho Duato e Ohad Naharin; um programa
definitivamente fora de qualquer suspeita. Durante o resto de fevereiro o CND
de Paris também mostra as últimas obras de Gang Peng, Thomas Lebrun, Dominique
Boivin e Pascale Houbin. Como se não bastasse, também estarão inaugurando um
Seminário (que durará até junho) chamado “Danse et divertissement” em
co-produção com o Collège International de Philosophie. Hardware e Software
da nova dança se reformulam cada vez mais rápido na busca de mecanismos para
estimular a eficiência dos teatros e companhias, dos coreógrafos e bailarinos.
Este talvez seja um dos primeiros rasgos visíveis da dança do século XXI, e por
que não a cara deste 2005. Oxalá que depois dele a dança nunca mais seja a
mesma. Valerio Cesio é crítico e coreógrafo
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