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Jornal DAA - Materias - 66

MATÉRIAS


BRASILEIRÍSSIMO

 

Lambada, samba, samba no pé, forró, maxixe... Danças brasileiras são o tema do I Congresso Internacional de Danças Brasileiras que reunirá no Rio dançarinos vindos de várias partes do país e do mundo.

Os organizadores apontam como principal objetivo a difusão e valorização da nossa cultura de uma forma ampla e democrática. Para isso foram idealizados módulos que visam a atingir tanto aqueles que ainda não conhecem uma das modalidades como os muitos adeptos amadores e também os profissionais.


O evento oferece palestras pela manhã e aulas à tarde além da mostra coreográfica e bailes. O lançamento oficial da Andanças - Associação Nacional de Dança de Salão é outro apelo do congresso que destinará o lucro líquido àquela recém formalizada instituição.

A programação extrapola o aspecto técnico específico dos salões e inclui temas organizacionais como a questão dos sindicatos e das políticas culturais; contempla as necessidades do espetáculo em temas como os portês, interpretação ou iluminação e cenografia; aborda os cuidados com a saúde e prevenção de lesões, além de incentivar a união e intercâmbio.

O quadro de professores e palestrantes é extenso e conta com nomes reconhecidos internacionalmente, destacando-se os emblemáticos Maria Antonietta, Carlinhos de Jesus e Jaime Arôxa, dançarinos notáveis como Jimmy de Oliveira e Adílio Porto. O congresso inova e surpreende trazendo brasileiros e estrangeiros que difundem nossa cultura no exterior, como é o caso de Cláudio Gomes na Holanda e dos espanhóis Letícia e Daniel Estevez.

O intercâmbio é fortalecido pela presença de Regina Miranda, importante coreógrafa de dança contemporânea e Paulo Mazzoni, integrante da “Intrépida Trupe”. A pesquisadora e diretora artística Deise Calaça e o médico ortopedista Rubene de Campos fazem parte do seleto time interdisciplinar da grade.

Pela promessa que faz ao público e à categoria, reforçada pelo lançamento da Andanças, o evento conquistou um dos espaços mais privilegiados que a dança possui: o Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, um complexo de moderníssimas instalações adequadas para atender a todas as necessidades do processo artístico da dança, desde os bastidores, estrutura cênica até os recursos para a aprendizagem.

O encontro da dança brasileira acontecerá no período de 10 a 16 de janeiro de 2005 e as inscrições já estão abertas. Informações na página virtual (www.dancecom.com.br/cidb) / (21) 9917 8735 / 2565-7330.

 

Parceria:

Secretaria das Culturas – Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro.

Andanças – Associação Nacional de Dança de Salão

 

Apoiadores:

Beija Flor Dance Group / Inglaterra, BrasaZouk / Holanda, Casa de Dança Carlinhos de Jesus, Casa de Dança Valdecy de Souza, Centro de Dança Jaime Arôxa, Cia Aérea de Dança – João Carlos Ramos, Cia Pés do Brasil, Claudio Gomes - Zouklovers/ Holanda, Clínica Ortopédica do Recreio, Conselho Brasileiro da Dança (CBDD), Deise Calaça Produções, Escola de Dança Vila Isabel, Escola Sindicato da Dança, Firma Comunicação Integrada, Fundação Nacional de Arte - Funarte, Jornal Dança, Arte & Ação, Jornal Dance (SP), Jornal Dance News, Lambazouk / Espanha, Núcleo de Dança Adílio e Renata Porto, Rádio da Fiocruz (Maré/Manguinhos) e Programa Papo Reto, Rádio Estação Carioca FM, Revista Infok - a Revista da Dança (RJ), Salão Brasil, Sign Propaganda, Sindelivre, Sindicato dos Profissionais de Dança do Rio de Janeiro - SPDRJ, Studio de Dança Valdecy de Souza, TA Soluções, Teatro Odylo Costa, filho - UERJ, (www.dancadesalao.com).


O RIO NA PONTA DOS PÉS

 


                Combinou. A magia do centro da cidade, um teatro da tradição do Rival, a leveza de Ana Botafogo, a alegria de Carlinhos de Jesus.

                Tudo combina no espetáculo “Isto é Brasil”, a lambada dançada ao som vibrante de Elba Ramalho, depois um frevo com destaque para o bailarino Cacau Mourão, a malandragem, pasmem, de Ana Botafogo vestida de terninho e sambando no pé, o sorriso do mestre desta cerimônia tão brasileira, Carlinhos de Jesus.

                A boa música de Ari Barroso, Cartola e Jacó do Bandolim, entre outros, aquecia o coração e acendia o orgulho de pertencer, a vontade de subir ao palco e dançar junto o hino em ritmo de forró.

                Na seção extra do “Isto é Brasil” todas as mesas estavam ocupadas, o público vibrava a cada meneio da etérea Ana, a cada gingado do Carlinhos, a dupla que tem em comum o grande amor pela dança e que põe o seu talento a serviço de divulgar a carioquice, o jeitinho brasileiro de ser artista atingiu o objetivo, transmitiu a mensagem e em suas próprias palavras “apresentou uma face do Brasil”. Quem perdeu não precisa ficar triste, pois o show volta ao Rival na segunda semana de fevereiro e fica até o início de março.



POLÍTICA DE RESULTADOS

 

O Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, sob direção de Regina Miranda, está completando quatro meses. Mantendo-se fiel à proposta de ser um espaço aberto à participação de todos, fechou novembro com um seminário que além de apresentar relatório das atividades desenvolvidas e do acervo disponível, recebe sugestões e requisições para a continuidade dos trabalhos.

 Todas as vertentes e segmentos da dança foram convidados a participar dos três dias em que representantes de escolas e academias, faculdades, projetos de inclusão, pesquisa, difusão, criação e produção puderam apresentar-se e fazer propostas. Os documentos com as demandas recolhidas servirão de guia para a política desenvolvida a partir de então.

O relatório do que foi feito até outubro inclui espetáculos onde se especificam 20 companhias de dança contemporânea, 06 de dança étnica, 03 de dança de salão, 01 de dança moderna, 01 de balé contemporâneo e 15 artistas independentes. No campo científico, foram 03 ações. Onze grupos puderam realizar seus ensaios nas bem aparelhadas salas de aula. Residências coreográficas, projetos sociais e eventos também figuram na listagem. Há vídeos, livros, teses, revistas e outros materiais de pesquisa disponíveis no centro de memória. O trabalho foi intenso e a tendência é aumentar.

As palavras com que Regina encerrou o discurso de agosto de 2001 quando o espaço ainda era um projeto e estava sendo apresentado à categoria, continuam valendo e mostram-se completamente opostas ao falar político vazio de vontade, sendo a carta de intenções que hoje se materializam: “...acreditamos que, no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, o desafio a que nos propomos, de convívio e diálogo com as diferenças, possa evidenciar o reconhecimento de que cada segmento da dança e cada campo artístico, científico e social pode enriquecer nossa visão de mundo e por conseguinte, nossa expressão artística (...) convido a todos para construirmos juntos um mosaico cênico em permanente movimento, uma cena onde possam caber todas as paixões”.

O prefeito César Maia fez do Rio de Janeiro, através da Secretaria das Culturas e Instituto Rio Arte um exemplo na política cultural continuada e com visão de longo alcance. A realização deste projeto, que era uma velha requisição da classe, proposta há mais de vinte anos, só vem ratificar o sucesso desta linha inteligente que começa bem ao valorizar os artistas e complementa-se na efetivando de ações de permanência como o programa de subvenções, a boa manutenção da rede de teatros ou a efetivação de um espaço tão privilegiado como o Centro Coreográfico. Neste último, é importante citar a parceria do Grupo Pão de Açúcar que permitiu tornar real este tão sonhado projeto.


A DaNçA lê dança? Quem DaNçA lê? Quem lê dança?

Mas afinal, quem lê livros de dança?


 

Em meio às comemorações da 50ª Feira do Livro de Porto Alegre (29 de outubro a 15 de novembro de 2004), onde também se comemoram os 50 anos da institucionalização da cultura no estado, achei pertinente perguntar: qual o público que aprecia bibliografias de dança?

As Universidades? As Escolas particulares? Os Festivais? Sim para os três. Com números ainda tímidos, mas reais e existentes, os leitores começam a marcar presença e especializar sua preferência.

Com certeza as Universidades tem sido a maior porcentagem deste público especializado, mas não posso deixar de mencionar as iniciativas das pequenas Escolas de dança e, de alguns Festivais que inserem em sua programação, lançamento de livros e espaços de comercialização dos mesmos.

Após uma visita a algumas livrarias da capital, e uma série de perguntas aos livreiros, percebi que o público que procura por livros de dança é mínimo, "os livros quase não saem", afirma uma vendedora. A pouca rotatividade deve-se, em primeiro lugar, pelo preço alto dos livros, que seduzem os olhos do artista. Gravuras ou fotografias que tomam toda página, papel brilhante e uma impressão de primeira qualidade. Os livros didáticos tem saída sim, mas precisam cativar primeiro pela capa, depois pelo título, e por fim, conteúdo e bibliografia. A não ser aquele obstinado que vai direto ao assunto e vasculha tudo no primeiro minuto.

Após ter ouvido uma afirmação equivocada de que o Rio Grande do Sul não produz pesquisa em dança, aliás uma afirmação que não cala e tem cumprido o papel de me instigar cada vez mais a pesquisar, percebo que as produções têm sido tímidas, porém existentes. E, se a pesquisa existe, seja nos cursos de graduação em Educação Física, Filosofia, Comunicação, Dança, etc, ela, mesmo sem incentivo financeiro, chega à publicação. Que raro!

O Estado do RS tem uma lei que poderá ser aliada a este processo. Trata-se da lei nº 11.670, de 19 de setembro de 2001, que estabelece política para o livro e a leitura, sendo o RS o primeiro estado do Brasil a contar com tal lei.

No parágrafo único diz: “A Política a que se refere o caput deste artigo visa a fomentar o desenvolvimento cultural, estimular a criação artística e literária e reconhecer o livro como instrumento para a formação educacional, a promoção social e a manifestação da identidade cultural do Rio Grande do Sul, mediante as seguintes diretrizes:” Vamos citar apenas algumas:

- dinamizar a democratização do livro e seu uso mais amplo como meio principal na difusão da cultura e transmissão do conhecimento, fomento da pesquisa social e cientifica, conservação do patrimônio cultural do Estado...;

- incrementar e melhorar a produção editorial estadual, observando-se especialmente a condições de qualidade, quantidade, preço e variedade;

- estimular a produção dos autores gaúchos;

- converter o Estado do Rio Grande do Sul em centro editorial...;

- preservar o patrimônio literário, bibliográfico e documental do Estado do Rio Grande do Sul;

- fomentar as exportações de livros publicados no Estado do Rio Grande do Sul;

- estimular a produção e a circulação do livro no Rio Grande do Sul;

- criar e desenvolver em todo o Estado novas bibliotecas, livrarias e postos de vendas para livros.

 

Leia a lei na íntegra no site: www.camaradolivro.com.br

 

Ana Luiza Freire é pesquisadora em dança


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