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COLUNA DA CAMINADA
Richard Cragun na direção, Cláudia Motta em 'Giselle': estréias em grande estilo no Municipal Richard Cragun estreou como diretor do corpo de baile do Municipal do Rio trazendo uma bagagem de indiscutível importância, um declarado amor ao Brasil e a presença de uma brasileira competente: Rosália Verlangieri. Aleluia! Menos uma excluída em sua própria terra. 'Giselle' foi a peça escolhida pela nova direção e é fácil compreender as razões práticas da escolha; mas estaria sendo incoerente se negasse as restrições que faço desde que ensaiei esta versão no Ballet da Ópera de Munique em 1974 (opinião que muitos emitem e não sustentam por timidez ou conveniência) e que nada tem a ver com a competência da equipe que também tem à frente d. Eugênia Feodorova ou ao corpo de baile, que correspondeu como quase sempre. Trata-se mesmo da reposição de Peter Wright, desbotada, sem atmosfera no 1º ato e sem magia no 2º; falta-lhe estilo, sobra-lhe convenção: é uma concepção burocrática, toda en face, que jamais consegue transpor a sala de aula. Colocar um conjunto inteiro correndo com os braços na 3ª posição (Vaganova) é de profundo mau gosto; cortar justamente a variação de Myrtha que sugere seu vôo inicial, irrita quem ama a obra e a conhece em versões mais adequadas, dançada por grandes companhias e intérpretes, inclusive os nossos. Mas nada impede que um bailarino brilhe quando chega seu momento, ainda que ele custe mais do que seria razoável. E Cláudia Mota brilhou: é, definitivamente, uma 1ª bailarina, cujas atuações felicito-me de já ter mencionado. A Giselle de Cláudia foi construída com a marca da verdade: sem perder de vista a personagem, jamais foi a reprodução de outras intérpretes; sua personalidade impôs-se e preencheu a cena. A figura dramática e suas evidentes condições naturais fundem-se com a força da atuação e desmentem o clichê de que ela está destinada a dançar somente papéis demi-caráter. O 1º ato foi surpreendentemente maduro e detalhado; o 2º foi belo e espiritual. Francisco Timbó foi um Albrecht bonito e sóbrio, visivelmente entrosado com sua companheira. Pequenos senões podem ser facilmente solucionados com a escolha adequada do que lhe vai melhor. Se baterias en face não o favorecem que se adote outra solução, como tantos artistas famosos. Entrechat-six nunca foi da coda de Albrecht, mas um desafio pessoal de Rudolf Nureyev adotado por alguns intérpretes fascinados pela sua personalidade ímpar. Ponto final. Ana Luíza Teixeira como Myrtha foi uma gratíssima revelação, sustentando um andamento inadequado como uma veterana; Edifranck Alves como Hilarion também correspondeu e a direção merece elogios por revelá-los. Márcia Faggionni saiu-se muito bem em Berthe, tarefa difícil quando se trata de revezar com Lourdja Mesquita, modelo de talento e dedicação. Nossos coadjuvantes - Roberto Lima, José Moura, Tereza Ubirajara, Inês Schllobach, Ana Lúcia Quevedo, entre outros, atuam com tanta convicção que roubam a cena quando falta brilho aos bailarinos principais. Por que os menciono? Parafraseando Murray Louis, sem o 2º, o 10º, o 50º bailarino não existe o 1º, não existe nada, descansa todo mundo. Direções vão e vêem, solistas podem chegar até na véspera; desde que exista a companhia. Estimado Richard, desejamos felicidade para sua administração; e que, se assim for, o deixem prosseguir em paz. Já é mais do que hora de desvincular cultura artística de política, ou nunca teremos projetos de longo prazo, grandes temporadas, tournées, preservação de um acervo que as sucessivas direções sequer chegam a conhecer; e lá se vão nossos bailarinos - quantos, Deus do céu, não atrás de dinheiro como muitos atletas, mas em busca de realização profissional. PS1.: Que bom que a iluminação está renovada mas.... Com todo respeito por Peter Gasper: lua furta-cor em 2º ato de 'Giselle' não dá. Senhor Gasper, teatros com o perfil do Municipal do Rio são um universo distante do seu e, particularmente, em ballet, tudo é especialização. PS2.: Não assisti a outras récitas por motivo de doença. XX Festival Nacional de Dança do Conselho Brasileiro da Dança O XX Festival do CBDD, entidade presidida por Mariza Estrella que merece parabéns pela persistência e dedicação, ilustrou muito bem o que estamos produzindo em ballet, tanto em quantidade quanto em qualidade. O evento reencontrou sua importância cumprindo a missão de revelar talentos e encaminhá-los. A presença atuante de Dino Carrera à frente do Teatro da UERJ, a assessoria eficiente de Mariza Pivetta e a equipe do Conselho (Alda Marques, Clélia Serrano, Ângela Ferreira, Darlene Varella, entre outros), tudo contribuiu para a boa organização. A banca foi composta de grandes nomes. Considerei-me honrada por estar ao lado de Eleonora Oliosi, Luís Arrieta, Suzana Braga, Oswald Berry e Lourdes Bastos jurados dos dois primeiros dias. Foram decisões difíceis, julgou-se mais de 200 candidatos, jovens talentosos, bem orientados, dançando estilos diferentes. Quantos rapazes excelentes! A pergunta que sempre se impõe é: por que e quem deseja que o Brasil só possua uma companhia de ballet clássico ou melhor dizendo: de BALLET? Falta de conhecimento? Má fé? Até quando formaremos bailarinos que, observados em concursos internacionais dos quais saem vencedores, passam a integrar as companhias de ballet do mundo inteiro? Prêmios em dinheiro, parcerias com companhias nacionais e internacionais, atraíram um grande e entusiasmado público. A turma do clássico só precisa se unir para construir alguma coisa e fazer frente ao CONFEF, sempre à espreita para manifestar seu oportunismo, cooptando até profissionais tão famosos quanto desinformados. Já professores como Angélica Fioranni, Aracy de Almeida, Jorge Teixeira, Ludmila Polonskaia, Sérgio Lobato, entre outros, sem falar em Giselle Santoro, chamam atenção pela média de bons alunos que apresentam; isso é o que importa. Pessoal, somos a resistência. Não estamos na mídia paga, interessada em vender jornal, ganhar ouvintes, marcar pontos no IBOPE. Façamos a nossa parte; deixemos de ser infantis e lutemos para que nossos melhores bailarinos tenham o direito de ficar no Brasil. XIII Seminário Internacional de Dança de Brasília Como faz há 13 anos, Giselle Santoro está organizando mais um Seminário Internacional Dança de Brasília. Seu nome dispensa apresentações, até porque seu currículo é extenso, matéria para um ciclo inteiro de reportagens. A seriedade do evento, que traz a marca Santoro de qualidade, tem dado oportunidade a inúmeros estudantes e é organizado com enorme variedade de atividades ligadas à dança. Dentre as realizações mais importantes e que faz o diferencial em relação a outros eventos destaca-se a montagem de um espetáculo, que este ano apresentará 'O Mandarim Maravilhoso' por Irene Schneider, estrelado por Giselle Santoro, filha, e Marcelo Misailidis. Cursos c/ renomados professores, concurso, bolsas de estudo, galas compõem o Seminário. Os candidatos podem usar o e-mail Eliana Caminada é professora de História da Dança na UniverCidade e Universidade Castelo Branco e foi primeira bailarina do Theatro Municipal - RJ Página pessoal: http://www.geocities.com/caminadabr
Rua Carmela Dutra, nº 82 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - CEP.: 20520-080 TeleFax: 21 2568-7823 / 2565-7330 http://www.dancecom.com.br/daa E-mail: daa@dancecom.com.br |