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COLUNA DA CAMINADA
Um Brasil
traduzido pelo carioca - Anárquico, urbano, o espetáculo
Cores Brasileiras apresentado pelo grupo DC é um
achado. Defendido com garra e talento por seus integrantes, o grupo
proporciona uma hora de catarse, de ode ao Brasil traduzido pela
irreverência característica do carioca. Mesmo no forró
um dos melhores momentos da performance a brasilidade
nunca aparece como algo exótico ou regional, mas como algo
encenado e nacional; e muito bem realizado. A segura direção
de João Wlamir revela-se na capacidade de renovação
e entusiasmo que são visíveis no palco; Rodrigo Negri,
mostrando que a dança é de bem com ele em vários
sentidos, enriqueceu a parte coreográfica preenchendo o vazio
que Rodrigo Moreira deixou com sua ausência. A atuação
dos bailarinos é, como sempre foi, um dos grandes destaques do
grupo. Rita Martins, ótima, Mônica Barbosa, Carolina
Dworschak, excelentes bailarinas, Joseni Coutinho, companheiro de
todas as temporadas, Mateus Dutra, Bruno Rocha e Edson Farias mais do
que dançaram: atuaram com competência e brilho.
Wellington Gomes e o próprio Negri, ótimos, dispensam
comentários. Duas figuras dão o tom do espetáculo:
Isa Kokai, um dos maiores talentos que o Brasil produziu,
visivelmente apaixonada pela cena, absolutamente linda; e Roberto
Lima, o senso de humor e de crítica num personagem que só
pode ser executado por um artista talentoso e articulado como
cidadão. Assistir ao DC é programa obrigatório
para quem precisa rir para poder pensar num tempo em que não
se consegue mais nem chorar.
*** A vitória
da dedicação - Lourdes Braga, Presidente do
Sindicato dos Profissionais da Dança, acabou de adquirir a
ansiosamente esperada sede da Instituição. Um conjunto
de salas na Avenida Presidente Vargas, 583/22º é, a
partir de agora, a verdadeira casa dos profissionais de
todos os segmentos de dança: dos bailarinos do Theatro
Municipal aos representantes da dança de salão. Sua
fundadora, Helba Nogueira, muito batalhou por sua criação.
Com seu falecimento, em 1998, sua suplente assumiu a Presidência
providenciando o afastamento de funcionários corruptos e
saneando as finanças abaladas por sucessivos rombos no caixa
da entidade. Contando com a colaboração de Nino
Giovanetti e Denise Acquarone e com a abnegada atuação
de Edmundo Carijó, Diretor de Eventos e Obras Sociais, Lourdes
levou adiante a obra que Helba iniciou, transformando o Sindicato dos
Profissionais da Dança num sonho concretizado que vem
desempenhando importante papel nas lutas da categoria. Parabéns
à Dança, à Lourdes Braga e à diretoria da
casa que nos representa.
*** Com
açúcar, com afeto - 1. Porque a Rússia é,
desde meados do século XIX, a Pátria do Ballet;
2. Porque seus artistas criaram a maior e mais universal escola de
dança acadêmica do mundo: Vaganova; 3. Porque a
filosofia de trabalho dos russos sempre considerou a popularização
do ballet como principal foco a ser atingido por sua arte; 4.
Porque o respeito à especificidade desses povos foi parte
inerente do sucesso do método russo de ensino e da
popularidade de sua dança; 5. Porque estabelecer uma parceria
com o Brasil foi uma conquista de nossas nações; 6.
Porque a beleza do projeto Escola do Bolshoi do Brasil se impõe
como uma das maiores esperanças da dança brasileira; 7.
Porque a parceria estabelecida entre professores brasileiros e russos
significará um enriquecimento e uma lição para o
mundo; 8. Porque a direção de Jô Braska revela-se
firme e suas metas são claras; 9. Porque poderemos ter, em
alguns anos, mais uma companhia de ballet clássico; 10.
Porque a Escola do Bolshoi pode significar um futuro para inúmeros
bailarinos/as de formação clássica excluídos
do mercado de trabalho.
Por
tudo isso, felizmente, queridos amigos do Bolshoi, a pesquisa sobre o
número de meninos que aprende ballet clássico no
Brasil precisa ser revista. Só no Rio de Janeiro, numa
investigação superficial, são muito mais do que
cinqüenta na faixa entre dez e quatorze anos. Sem falar na
multidão que está aprendendo outras danças e,
através delas, chegando ao ballet. Estamos convictos de
que vocês saberão reparar esse engano e reconhecer que a
semente deixada por Maria Olenewa neste país latino e
patriarcal está vencendo preconceitos e criando, finalmente,
uma nova mentalidade; estamos certos de que saberão admitir
que os russos que os antecederam produziram bailarinos que o mundo
reconhece pela excelência e que, por isso, lhes somos
eternamente gratos. E, finalmente, porque a verdade da arte que vocês
produzem dispensa outras valorizações que não
ela mesma, sem falar na preocupação social embutida
nesse extraordinário projeto artístico. Com carinho da
madrinha Caminada. *** Paulo
Melgaço - Graças aos esforços de Paulo
Melgaço a Escola Maria Olenewa agora virou livro. Com grande
afluência de público foi lançado o livro
História que fez estórias, uma publicação
da Editora Imprinta. Parabéns Paulo, prossiga, o ballet
no Brasil já tem uma tradição significativa que
merece ser registrada e divulgada. *** Encontro
- Valeu! O Sindicato dos Profissionais da Dança convocou a
categoria para um encontro com políticos de diversos partidos.
Estiveram presentes Rosana Batista, Ciro do TMRJ, que
disponibilizaram, de fato, seu dia. Mesmo sem o apoio maciço
da turma de dança tradicionalmente ausente de tudo -
agradecemos aos candidatos que acreditaram que dançarinos não
se furtam a exercer sua cidadania num momento de crucial importância
para a vida do país. *** Registros
especiais - Muita coisa vem acontecendo, graças a Deus, no
mundo da dança em nossa cidade. Torna-se impossível
registrar em uma coluna o trabalho de todos os companheiros de luta e
de amor pela dança. Parabéns a Ana Unger cuja companhia
de dança no Cacilda Becker surpreendeu e merece bis; à
UERJ pela sua XI Gala que, com muita justiça e emoção,
homenageou Amélia Moreira, Myriam Guimarães, Tereza
Bittencourt, Orlanda Saturnino e Vaslav Veltchek, fundadores do
Conjunto Coreográfico Brasileiro, contando com as ótimas
atuações: de Norma Pinna e René Salazar
dirigidos por Eric Valdo, de Pedro Goucha, Nina Botkai e Luís
Kerche dançando A tarde de um fauno de Roberto
Oliveira, da dança de rua de Bruno Beltrão, do Ballet
Jovem, e dos projetos sociais dirigidos por Sylvio Dufrayer, Carmen
Luz, Janne Ruth, Maria Lúcia Galvão e Luís
Carlos Nogueira; a Dufrayer pela contagiante alegria e espontaneidade
de sua gurizada. Que coisa linda e emocionante!; a Roberta Dutra do
Grupo de Dança Calouste Gulbenkian interpretando a bela
composição de Gonzaguinha Amar, Viver, Valeu
acompanhada e dirigida por Sarah Neri; ao trabalho de som caprichado
e musical de César Lima para o pas-de-deux de
Raymonda na mesma gala.
Eliana
Caminada é professora de História da Dança na
UniverCidade e Universidade Castelo Branco
e
foi primeira bailarina do Theatro Municipal RJ
Página
pessoal:
http://www.geocities.com/caminadabr
Rua Carmela Dutra, nº 82 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - CEP.: 20520-080 TeleFax: 21 2568-7823 / 2565-7330 http://www.dancecom.com.br/daa E-mail: daa@dancecom.com.br |