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MATÉRIAS GRUPO CORPO ESTRÉIA "SANTAGUSTIN" Santagustin é o novo espetáculo que o Grupo Corpo leva ao Rio e Brasília, após rápida passagem pelas cidades de São Paulo e Belo Horizonte. O número gira em torno do amor, porém um amor distante do romantismo utópico que ocasionalmente o rodeia, e mais próximo da sátira. É uma ode irônica a esse sentimento tão controverso e ao mesmo tempo tão indispensável. "Nossa idéia neste trabalho foi rir do amor, descontar o que ele faz com a gente fazendo com ele as mesmas coisas", diz o coreógrafo Rodrigo Pederneiras. O nome é uma corruptela de Santo Agostinho, fonte de inspiração para Tom Zé, na composição da trilha. A tensão entre a vida pregressa do santo e as tentações que combatia em sua nova vida religiosa condizia com o que o compositor estava buscando naquele momento: "harmonizar coisas inarmonizáveis". De todas as obras do Corpo, esta talvez seja a mais erótica. Mas, novamente, é um erotismo que brinca consigo mesmo. Talvez toda a graça da peça seja o fato de que a própria não se leva muito a sério, quebrando a idéia de uma preocupação desmedida com a beleza por parte do Grupo, que Rodrigo tenta combater: "Não gosto dessa imagem, a busca da beleza é apenas um dos elementos do trabalho". Esse despojamento fica nítido no cenário da peça: um gigantesco coração rosa de pelúcia, de cinco metros e meio, terá a sua imagem projetada sobre uma tela ao fundo do palco, com efeitos de terceira dimensão. Abrindo a noite, a trupe achou por bem apresentar outro espetáculo também influenciado pela trilha de Tom Zé: Parabelo, de 1997. Desse modo, o público poderá fazer o seu próprio julgamento a respeito das mudanças ocorridas no trabalho. O Grupo Corpo que atualmente tem o patrocínio da Petrobrás foi fundado em Belo Horizonte em 1975, e através dos seus 27 anos de história, propõe-se a um constante processo de renovação, tomando no entanto, a valorização da cultura nacional como marca. Uma idéia de Paulo Pederneiras, que junto a seus cinco irmãos e mais alguns amigos, usou a própria casa como sede inicial: "O começo foi uma loucura total, e meus pais foram pessoas tão generosas, que abandonaram a única casa que tinham para os loucos dos filhos fazerem o que fizeram", diz Rodrigo Pederneiras, irmão de Paulo e coreógrafo do grupo. A loucura deu certo. O primeiro espetáculo, Maria Maria, foi sucesso no Brasil e ainda percorreu 14 países. Uma rápida olhada em sua agenda já é suficiente para verificar que o grupo não é apenas um fenômeno nacional. Só neste ano são 47 apresentações em 16 cidades espalhadas pela América do Norte e Europa. Quais as próximas surpresas que o Corpo nos reservará? Com a agenda repleta de compromissos em 2002, e com previsões não muito diferentes para 2003, uma nova coreografia só poderá ser montada a partir de 2004. É uma espera longa, mas que, com certeza, valerá a pena. As apresentações no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, acontecem de 5 a 9 de setembro. Os preços oscilam entre R$ 20,00 e R$ 60,00. Informações e reservas (21) 2262-3935 / 2299-1711. Em Brasília a temporada vai de 13 a 16 do mesmo mês, no Teatro Nacional.
"PArabelo" está com "Santagustin" no programa duplo do Grupo Corpo.
BIENAL LATINA EM LYON A cidade de Lyon, na França, consolidou-se como um centro de referência mundial para a dança, principalmente pela criação, em 1980, da "Maison de la Danse". Quatro anos depois, ela hospedaria a sua 1º Bienal da Dança, sem tema especial. Este ano, o evento - que acontece entre os dias 10 e 29 de setembro - chega à décima edição, desta vez intitulado "Terra Latina - do Rio Grande à Terra do Fogo". Esta é a quarta bienal dedicada a expressões artísticas latinas - as outras foram Pasión España, em 1992, Mama Africa (enquadrada sob um contexto latino), em 1994 e Aquarela do Brasil, em 1996. Para este ano, são 36 companhias de dança de 12 países, em 20 dias de shows coreográficos e musicais, bailes e um concorrido desfile, reunindo 4.500 participantes. Conta ainda com A participação nacional Nesta bienal o Brasil será representado pelas companhias de dança contemporânea: Grupo Corpo, Quasar, Paula Nestorov e Staccato; de dança de rua: Balé de Rua de Uberlândia e de dança de salão: Mimulus (capa da edição 52 do Dança, Arte & Ação). O Balé de Rua apresenta "E agora, José?", inspirado na obra de Carlos Drummond de Andrade, e que retrata as crenças, os costumes e o comportamento do homem comum frente ao mundo moderno. A busca por uma linguagem brasileira na dança de rua e pela inclusão social são características do grupo que tem como dançarinos, mecânicos, contínuos, pintores de parede, cozinheiros e arrumadeiras. A goiana Quasar, com a experiência de 14 anos de trabalho artístico, mostra a forte e comovente "Coreografia para ouvir", de Henrique Rodovalho, espetáculo que combinando sons, cores e gestos, é um verdadeiro tributo à riqueza cultural brasileira. Coreografado por Rodrigo Pederneiras o Grupo Corpo revive um grande sucesso de 1992, que usa operações matemáticas em torno do número 21 como argumento: o espetáculo "21" tem ainda a trilha do Grupo Uakti descobrindo a sonoridade de instrumentos não usuais feitos com canos, madeira e água. O Corpo expõe ainda a novíssima "Santagustin", musicada por Tom Zé e Gilberto Assis, cuja estréia nacional ocorreu em agosto, na cidade de São Paulo. A companhia Staccato, do Rio de Janeiro, marca presença na bienal com "Palimpsestos", composto de três partes: Ostinato, explorando a técnica de contato-improvisação e elementos de tango; Falso Movimento, inspirado no cinema, com dois solos que se sobrepõem; e Palimpsesto, baseado no contato entre dois corpos que seguem a mesma linha de movimento. Carioca também, a Companhia Paula Nestorov dançará duas peças: "Orquestra" e "Chegança". A primeira remete ao antigo teatro grego, de onde vem o termo orquestra (orkheisthai = dança). Já Chegança seria como uma espécie de ritual, traduzido num vaivém musical e coreográfico inspirado nas danças folclóricas brasileiras e na livre criação de Paula Nestorov. Por fim, a Mimulus Cia de Dança. Composta de jovens dançarinos e dirigida pelo coreógrafo Jomar Mesquita, a trupe leva para Lyon o espetáculo "...E esse alguém sabe quem" (matéria no DAA nº52). O show fala de amor, e ao viajar por várias épocas e lugares, soma elementos teatrais e circenses a toda uma diversidade de estilos que vai dos ritmos caribenhos aos portenhos, passando por swing, rock, valsa, além, é claro, do samba e lambada. Qualidade e diversidade O diretor da Maison de la Danse, Guy D`Armet, é o responsável direto pela criação da Bienal de Lyon. D`Armet não acredita que haja uma superioridade preestabelecida entre as diferentes expressões artísticas, mas que existem qualidades intrínsecas a qualquer manifestação de dança: "Há programadores que vêem as companhias tradicionais e não ligam para elas. E há coisas tradicionais absolutamente maravilhosas, e que podem mesmo influenciar a dança contemporânea. Há muitos programadores que não querem ver o movimento hip-hop, e, atualmente, o movimento hip-hop está influenciando a dança contemporânea, alguma coisa está se passando nesse sentido. É necessário se ter uma visão mais ampla. A dança é um espetáculo de tango, um grande balé clássico, é Régine Chopinot, Michel Kelemenis, Françoise Verret, é o Balé Folclórico da Bahia". Apreciador confesso da dança brasileira, D`Armet já expressou o desejo de dedicar a ela uma de suas próximas bienais. A nós, resta esperar e torcer. Para saber mais sobre a 10º Bienal da Dança de Lyon, acesse o endereço eletrônico "www.biennale-de-lyon.org". Guy D'Armet, diretor da Maison de la Danse.
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