Jornal DAA - Materias - 48
MATÉRIAS
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CAFÉ CULTURAL – PONTO DE ENCONTRO
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PARA OS DANÇARINOS
Giselle Tápias inaugurou o Café
Cultural, uma proposta interessante e arrojada de espaço dedicado
ao exercício da cultura em suas diversas manifestações,
mas com especial carinho para a dança. Localizada em Botafogo, a
casa tem decoração moderna e aconchegante, com programação
variada e funcionamento diário de oito da manhã até
às onze da noite. Os freqüentadores podem escolher entre pesquisar
no acervo físico ou computadores à disposição,
assistir vídeos de dança, participar das happy hours com
voz e violão, assistir peças teatrais ou de dança,
participar do grupo de estudos, dançar nas festas temáticas
que acontecem nas noites de sexta-feira, ou simplesmente levar as crianças
para aproveitar as atividades voltadas especialmente para elas.
Isto não é tudo, uma parceria
com o FINEP viabiliza o projeto de Manutenção Profissional,
que oferece aulas gratuitas para profissionais de dança, e no Café
é possível alugar salas para ensaios ou oficinas e material
de infra-estrutura como linóleo. Para obter informações,
fazer inscrição ou entregar projetos está disponível
o correio eletrônico: cicit@openlink.com.br . O Café Cultural
fica na São Clemente, 409. Telefones: (21) 527 0169, 527 0159, 527
0108.
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O Festival do Rio de Janeiro
O Centro Tápias decidiu por uma mudança
estratégica no “XIII Festival do Rio de Janeiro” (antigo Festival
Tápias), reviu sua estrutura e organizou um ciclo de debates e Mostra
Coreográfica, deixando o formato competitivo para outras edições.
Às mesas redondas, que contaram
com participantes da maior relevância no cenário nacional
da dança, discutiu-se quatro temas: “a evolução dos
eventos de dança no país” introduzindo a nova proposta para
o Festival do Rio de Janeiro com a reedição do concurso no
próximo ano; “qualificação do profissional de dança
brasileiro” tendo Helena Katz como mediadora; curadores e promotores discutiram
“a circulação de companhias de dança nos eventos nacionais
e internacionais” buscando descobrir fórmulas de parcerias e trocas
de informações entre os vários eventos. Por fim, “o
processo de criação artística” foi abordado dando
ênfase às experiências vividas e às diferentes
influências que sofrem os criadores dentro deste Brasil tão
diferente.
A Mostra Coreográfica apresentou
diversidade trazendo para o palco do Teatro João Caetano os baianos
do Viladança, Lina do Carmo, a Companhia Jovem de Ballet do Rio
de Janeiro, Renato Vieira Cia de Dança e a Cia Balé de Rua
– Viralata.
Programação:
Hábitos, Manhas e Manias Espetáculo
Infantil. Sábados e Domingos, às 16:30h. Coreografia bem
humorada sobre o cotidiano infantil apressado e tenso, repleto de hábitos
e manias mecânicas, repetidas e irrefletidas.
Recreação Cultural para crianças.
Domingos, de 11:30 às 15:30h.
Transições Espetáculo
Adulto - work in progress de Marilenna Bibas. Sábados e domingos,
às 21h.
Midnight JAM – Improvisos dançados
e musicados. Coordenação de contato-improvisação
de Andréa Jabor e Paulo Mantuano. Dia 27 de outubro às 23:30h.
Projeto de Manutenção Profissional
Aulas gratuitas exclusivas para profissionais da dança - de 2ª
a 6ª das 10:30 às 12:30h. Em outubro com os professores:
Luciana Bicalho - Estudo do Movimento - uma
pesquisa baseada no sistema Laban, abordando
- Isolamento, liderança e expressividade
das partes do corpo
- Centro x periferia. A construção
da esfera de movimento, tamanho e forma.
- Dinâmica do movimento: peso / tempo
/ fluxo / espaço.
Sylvio Dufrayer – Ballet Clássico e
preparação física para bailarinos - As aulas
têm enfoque na técnica clássica e não no estilo,
procurando levar o bailarino ao melhor desempenho com o mínimo de
esforço. O uso da técnica clássica para vários
estilos de dança. Nas aulas de preparação será
aplicada a pesquisa realizada pelo professor em sua pós-graduação
em treinamento desportivo pela Univ. Gama Filho – método de preparação
física para bailarinos visando melhor performance.
Fauzi Mansur – Ballet Clássico.
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VAGAS NA ESCOLA DO BALÉ BOLSHOI
Encerram-se em 19 de outubro as inscrições
para as turmas de 2001 da Escola do Balé Bolshoi no Brasil. Os interessados
devem cadastrar-se e pagar uma taxa de R$ 60,00 para realizar o exame classificatório;
se aprovado, o aluno freqüentará o curso de formação
profissional para bailarinos que tem duração de 10 anos.
São ainda oferecidos módulos de aperfeiçoamento para
aqueles que já possuem experiência. O investimento anual é
de R$ 3.600,00. A escola foi inaugurada oficialmente em 17 de março
de 2000 em Joinville e na ocasião movimentou em todo país
uma enorme quantidade de aspirantes a ocupar uma de suas vagas. É
possível candidatar-se e obter mais informações através
da Internet: www.escolabolshoi.com.br
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FERRAMENTAS DO TAP
A fábrica Rommel e Halpe de artigos
para dança está confeccionando uma linha especial para os
sapateadores. Os produtos, que vão desde os sapatos com chapinhas
e chaves de fenda à bolsas e mochilas, levam a assinatura do sapateador
Steven Harper. A linha promete atender às necessidades específicas
do estilo e estará em breve à disposição do
público.
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FESTIVAL DO MERCOSUL
Alice Arja e a Século XX Produções
em colaboração com a Associación de Arte e Cultura
de Buenos Aires realizaram no Rio de Janeiro o primeiro Festival do Mercosul
que, em sua estréia obteve uma boa adesão das escolas e dançarinos,
atraindo participantes de outros estados e também de países
latinos. Bem organizada, a mostra agradou a muitos participantes que elogiaram
a disciplina nas apresentações com poucos atrasos na programação,
o cuidado com a segurança e condições de palco para
os concursantes. Cada noite competitiva apresentou convidados especiais,
a saber: Ashley Ellis, Elliah Presmann, Mirna Nijs, Helio Bejani e Renata
Versiani, Cia de Ballet do Rio de Janeiro, Rio Ballet, Bettina Guelmann
Cia. de Dança, Cia. Renato Vieira, Cia de Ballet de Niterói,
Tanz Haus, Carlinhos de Jesus, Cia Sindicato da Dança e Escola de
Samba Tradição, que apresentaram seus trabalhos nas diversas
linhas da dança e emprestaram especial brilho ao evento. Paralelamente
foram realizadas mostras em Shopping Centers, visando a atrair a atenção
do público em geral para a beleza dessa arte. O evento se propões
a estreitar laços entre os artistas do Mercosul e deve ser
bienal.
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DANÇA NO ITAÚ
O projeto Rumos Itaú Cultural que se
propõe a fomentar, formar e difundir as diferentes áreas
de expressão artística, já havia contemplado cinco
áreas: Cinema e Vídeo, Artes Visuais, Literatura, Música
e Novas Mídias e agora divulga o resultado do concurso de âmbito
nacional, na área de dança contemporânea.
Das 398 obras inscritas, 45 foram escolhidas
para receber o apoio do programa. Os intérpretes/criadores dos trabalhos
selecionados serão contemplados com a gravação de
sua obra em vídeo; um ensaio crítico assinado pelo curador-assistente
e a oportunidade de participar, com todas as despesas custeadas pelo Itaú
Cultural, de uma oficina intensiva com um grande nome da dança contemporânea,
durante a semana da mostra Rumos ITAÚ CULTURAL Dança, com
os 15 finalistas, em fevereiro de 2001.
Com a coordenação de Sônia
Sobral e Fabiana Dultra Britto, a escolha das obras foi feita por uma equipe
de 7 curadores-assistentes, a partir de 4 questões: a relação
da dança com a tecnologia, a multidisciplinaridade, o hibridismo
e a própria estrutura da composição coreográfica.
Os selecionados foram:
Alagoas: Telma César Cavalcanti e Glauber
Xavier – Variações para café com pão
Bahia: Evelin Silva Moreira – Lev; Leda
Ornellas – Mulher de roxo; Ludmila Pimentel - Usina
Brasília: Kenia Dias – Tecer-te
Ceará: Analia Timbó e Socorro
Timbó – Catu Maçã / Guerra Bonita; Andréa Bardawil
– Do que se pode dizer...; Karin Virgínia – In Terra...
Minas Gerais: Guilherme F. Machado e
Renata R. Ferreira – Corpo Emprestado; Wagner Schwartz – A Metáfora
da Colheita - (Uberlandia); Sandro Amaral e Paula Akiko Kobayashi – Mar
formado pelos rios de história; Mauricio L. Souza e Fabricia de
Cassia Martins – O Açougue; Luciana Gontijo e Margô Assis
– Experimento 1
Espírito Santo: Marcos Antonio Pitanga
e Patricia Miranda - Paixão
Pará: Eleonora F. Leal e Waldete Brito
S. Freitas - Discurso
Paraíba: Romero Motta e Admilson Maia
- Percurso
Paraná: Andréa Serrato - Espira
Rio Grande do Sul: Ney Moraes e Carlos Garbin
– Linha Aberta; Eduardo Severino - Planetário
Rio de Janeiro: Paulo Caldas e Maria Alice
Poppe – Fragmento para quase cinema; José Clébio G. Oliveira
- Uma barata só faz verão; Gerailton Dias - Vestido
de gaiola; Frederico Paredes e Gustavo Ciríaco – Não pertence;
Esther Weitzman - Terras; Fabricia Trindade Miterhof - O ocaso de crepusculina;
Alex Neoral e Clarice Silva – Alvores; Henrique Schuller - Baldes; Paulo
Mantuano - Recorrência: Quasi-instante; Marcia Rubin - A paisagem
daqui é outra
Santa Catarina: Zila Muniz e Ivana Bonomini
– Som; Diana Gilardenghi - Crosta
São Paulo: Deborah Furquim e Angela
Nolf – A massa; Marcos Sobrinho – Um diálogo possível; Vera
Sala – Sem título; Roberto Ramos e Gustavo Ramos – Ícaro
pós-moderno; Mariana Muniz – Túfuns; Patricia Werneck
e Luiz de Abreu – Sonhos quebrados; Ivani Santana – Gedanken; Marta
Soares – O homem de jasmim; Eliana de Santana – Das faces do corpo;
Lu Favoreto – Folhas secas, flores prateadas; Key Sawao e Ricardo Iazzetta
– Sorrindo encontrei minha prima; Simone Mello e Thiago Granato –
Onde estão os cavaleiros?; Marcelo Rodrigues - Aboio (Campinas);
Gilsamara Moura – Ursa Maior (Araraquara)
Os jurados foram designados por região,
são eles:
Beatriz Cerbino (São Paulo/capital),
Maíra Spanghero (Ceará, Bahia), Nirvana Marinho (para Brasília,
Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo),
Rosa Hércules (para Paraná, Santa Catarina e Rio G. do Sul),
Silvia Soter (São Paulo/capital),Valeria Cano Bravi (Rio de Janeiro,
Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, Maranhão
e Piauí), Vera Torres (Pará, Amazonas e interior de São
Paulo).
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PANORAMA RIOARTE
O 9º Panorama RioArte de Dança
apresenta as novas tendências da dança contemporânea
em 13 dias de Mostra. De 17 a 29 de outubro, companhias nacionais e internacionais
expõem-se no palco e tem ciclos de debates. O Panorama dá
ensejo também ao lançamento do livro “Lições
de Dança 2”.
O ineditismo nas criações nacionais
continua norteando a proposta, que além das estréias dos
grupos mais conhecidos traz a seção “Novíssimos”
abrindo aos criadores da nova safra carioca um importante espaço.
Lia Rodrigues, que idealizou o Panorama mostra
mais uma vez uma grande preocupação em permitir que o grande
público tenha acesso ao evento que dirige. Os ingressos custam apenas
R$ 5,oo e R$ 2,50 (para estudantes, maiores de 65 anos e classe).
O festival é promovido pela Secretaria
Municipal de Cultura do Rio de Janeiro através da RioArte e conta
com a parceria de diversas instituições: Instituto Goethe
do Rio de Janeiro, Muffathalle de Munique/Alemanha, Association Française
d’Action Artistique (AFFA), Consulado da França do Rio de Janeiro,
Aliança Francesa, SESC São Paulo, FUNARTE , Fundo Nacional
de Apoio à Cultura do Ministério da Cultura, Projeto Danças
na Cidade de Lisboa/Portugal, Ministério da Cultura de Portugal,
ao FLA-BRA (de Miami), e La RED de Promotores Culturais da América
Latina e Caribe.
Veja a seguir a programação
completa:
Dia 17 - 20:00 h – T. Carlos Gomes - noite
de abertura somente para convidados - Affects de Tom Plischke (Alemanha)
Dia 18 - 20:00 h – T. Carlos Gomes -
Affects
21:30 h - Platéia Foyer – Debate com Tom Plischke ,Helena Katz e
bailarinos
23:00 h – T. Carlos Gomes – Affects
Dia 19 - 19:00 h - Sala Paraíso (T.
Carlos Gomes) - Ispiritu lncarnadu - Denise Stutz/ Studio Stanislavski
(RJ)
20:00 h - Sala Paraíso - O Diafragma
Fecha – Proj. Dança Amorfa (PE), eXperimento - Luciana Gontijo e
Margô Assis (MG), E nem mencione Esther Williams - Ikwalsinats (RJ)
* Após os espetáculos, no Café
do Teatro, coquetel de lançamento do livro Lições
de Dança 2.
Dia 20 - 19:00 h - Sala Paraíso
- Ispiritu lncarnadu - Denise Stutz/ Studio Stanislavski (RJ)
20:00 h – T. Carlos Gomes – Arq-Móvel
– Estamos em Trânsito – * performance na calçada - Andrea
Jabor/ Arq. do Movimento (RJ); Não é mar mas é salgado
– Rubens Barbot Cia de Dança (RJ); Raw Footage – Gary Lund, Giovanni
Luquini & Paulo Manso de Sousa (EUA)
* Após os espetáculos,
na Platéia Foyer, debate com Adriana Pavlova, Gary Lund, Giovanni
Luquini & Paulo Manso de Sousa .
Dia 21 - 19:00 h - Sala Paraíso (T.
Carlos Gomes) - Ispiritu lncarnadu - Denise Stutz/ Studio Stanislavski
(RJ)
20:00 h – T. Carlos Gomes - Sofá
– Marianna Bellotto (ARG); Ex-votos – Silvio Dufrayer Cia de Dança
(RJ); Antologia – Cia Municipal de Caxias do Sul (RS)
Dia 22 - 15:00 h – T. Cacilda Becker – Os
novíssimos: 9 trabalhos de novos coreógrafos cariocas.
18:00 h – T. Carlos Gomes – Corpos Ilhados
–Vera Sala (SP)
20:00 h – T. Carlos Gomes – Cambindas – Duda
Maia (RJ); A Matriz – Alexandre Franco (RJ)
Dia 23 - 10:00 h - T. Carlos Gomes – Fórum:
Cinco perguntas a Maguy Marin – entrada franca
20:00 h – Centro de Artes Hélio Otitica
– Encontro com Maguy Marin e Atoine Manologlou – entrada franca
Dia 24 - 20:00 h - T. Carlos Gomes –
Quoi qu’il en soit – Maguy Marin (França)
* Após o espetáculo,
na Platéia Foyer, apresentação das cinco perguntas
a Maguy Marin desenvolvidas no fórum.
Dia 25 - 20:00 h – T. Carlos Gomes – May B
– Maguy Marin (França)
Dia 26 - 20:00 h - T. Carlos Gomes –
Untitle me – Lilia Mestre (Portugal); Miss Liberty – Monica Lapa (Portugal)
* Após o espetáculo,
na Platéia Foyer, dança contemporânea portuguesa/
festival danças na cidade /projeto dançar o que é
nosso com Nayse Lopes, Mark Duputter e Monica Lapa.
Dia 27 - 20:00 h - T. Carlos Gomes –
Self-Unfinished – Xavier Le Roy (Alemanha); AntonioMiguel – Miguel Pereira
(Portugal)
* Após os espetáculos,
na Platéia Foyer, debate com Silvia Soter e Xavier Le Roy.
Dia 28 - 19:00 h - Sala Paraíso –
Tear – Michel Groisman (RJ)
20:00 h – T. Carlos Gomes – Poesia e Selvageria
– Vera Mantero/Rumo do Fumo (Portugal).
Dia 29 - 15:00 h - T. Cacilda Becker
– Cobertores – Cia Étnica de Dança e Teatro (RJ)
20:00 h – T. Carlos Gomes – Estudos – Carlota
Portella (RJ); SOBREtudo – Tony Tavares (Cabo Verde); Orquestra – Paula
Nestorov (RJ), Antonio Saraiva e Marcos Cunha (RJ)
Programação paralela no Espaço
Cultura Sérgio Porto – Arte Performática – O (IN)DIZÍVEL
– concepção e direção de Marisa Rezende e Bel
Barcelos de 24 a 28 às 21h e dia 29 às 20 h.
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MUITO PRAZER
A Tanzhaus Cia de Dança apresenta no
Teatro Cacilda Becker, de 09 a 19 de novembro, o espetáculo
Muito Prazer que reúne os trabalhos desenvolvidos pela companhia
nos seus dois anos de existência.
Este programa, explica Paola Braga – uma das
criadoras da trupe, - significa o fim da fase "experimental", marcada pela
busca de uma identidade estética e de uma filosofia própria
de trabalho. Para esta temporada as peças apresentadas são:
Ap-Trechos - baseada na experiência
real dos bailarinos que, em turnê pela Alemanha, tiveram de viver
juntos durante semanas em um pequeno apartamento.
A Bicha – A partir do duplo sentido da palavra
bicha - fila em Portugal e homossexual no Brasil - a companhia criou uma
peça com humor que procura refletir sobre nossa herança portuguesa.
ClarObscuro - o mais recente trabalho
da companhia, propõe um diálogo direto entre o corpo e a
luz.
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PÓS-GRADUAÇÃO EM DANÇA
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
lança seu curso de Pós Graduação Latu Sensu
em "Dança e suas múltiplas ações ". A proposta
é capacitar profissionais para lecionarem em faculdades, escolas
e academias além de desenvolverem pesquisa científica. Da
grade curricular constam cultura e danças populares, história
específica e orientação voltada para o ensino a portadores
de deficiências e idosos. Podem inscrever-se apenas aqueles que tenham
formação acadêmica em Educação Física
ou Dança. Com um total de 425 horas com aulas que serão ministradas
aos sábados e domingos, o curso tem duração prevista
de 15 meses. O custo será de 15 parcelas de R$ 130,00 além
da taxa de matrícula no valor de R$ 50,00. Existem vagas para 45
alunos e as inscrições já estão abertas. Mais
informações pelos telefones (21) 682 12 10 ramal 393/ 270
ou 682 12 20.
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UM CONTO TROPICAL
Ana e Giorgio vieram visitar amigos no Rio
de Janeiro. Faz tanto tempo que eles estiveram na cidade pela primeira
vez... Naquela ocasião não podiam imaginar que acabariam
deixando sua Itália para trás e com ela o trabalho agitado
dos bastidores do cinema.
Era o finalzinho da década de
80. Vieram com uma equipe reduzida rodar um filme classe B que explorava
a sensualidade dos trópicos estereotipada no inconsciente coletivo
europeu, reavivada com o sucesso da lambada. Giorgio era o câmera
e Ana cenógrafa. A vista da baia de Guanabara trazia as lembranças
daqueles dias: o encantamento com a cidade e seus habitantes, o frenesi
e a correria das filmagens. Foram gravar em uma das muitas boates chiques
que tocavam lambada. A direção da casa convidou uma dúzia
de bons dançarinos para figurantes. O som vibrante, a vitalidade
daqueles casais... ali os dois técnicos italianos começaram
a ficar irremediavelmente atraídos pelo país e já
planejavam voltar nas férias com tempo para “curtir”.
Na véspera de seu retorno, encontraram-se
com alguns dos dançarinos que tinham conhecido na boate que, coincidentemente,
também partiriam no dia seguinte. Iam à Porto Seguro, a “Meca”
da lambada, com suas praias selvagens e muita diversão. A dupla
de estrangeiros entreolhou-se - sabiam que não poderiam voltar sem
conhecer este lugar maravilhoso. Demitiram-se e seguiram o grupo. Acabaram
montando uma pousada por lá.
Naquela mesma época, muita gente
se deixou levar pelo canto da sereia de Porto Seguro. O professor e dançarino
Adílio Porto ficou por lá incríveis três meses
antes de terminar uma expedição de pesquisa que deveria durar
menos de uma semana e só retornou por que os compromissos no Rio
exigiam sua presença. Mas, sempre que pode, volta à terra
da lambada, dança que responde por muito de sua trajetória.
Adílio e sua esposa Renata são
dançarinos completos, com experiência em muitos ritmos de
salão, mas o amor à lambada pode ser percebido quando Adílio
fala “graças a ela conquistei a Renata, graças a ela estou
abrindo meu espaço de dança” e arremata, brincando, que batizará
o filho, esperado para breve, com o nome Zouk Porto.
A esta altura o leitor poderá
se perguntar: mas a moda da lambada já não acabou? Como alguém
pode abrir escola graças a ela? E o que é Zouk?
Pois é, a música chamada
lambada foi mesmo condenada pelos DJs, vai longe a data, mas... quando
do “enterro” da lambada, com as danceterias procurando uma nova onda “dance”
para atrair a juventude, sobraram muitos dançarinos que não
aceitaram essa morte anunciada. Embora o ritmo tenha efetivamente perdido
espaço, a Ilha dos Pescadores tornou-se seu quartel general e o
diretor artístico do lugar – o Tio Piu – organizava caravanas à
Porto Seguro e lançava o lema “Enquanto um lambadeiro viver, a lambada
jamais morrerá”. Em São Paulo também se formou um
foco de resistência muito forte.
Todo esforço não foi suficiente
para salvar a música, com características de produto descartável
- grande venda e vida curta - mas a dança, não. Esta
permaneceu embalada pela música cigana como a do “Gipsy Kings”,
enraizou-se ao som do “zouk” - um ritmo originário de colônias
francesas e mais recentemente acompanhou músicas árabes tais
como as de Tarkan e Khaled.
Luís Fernando de Sant’Anna (que
abandonou os cursos de matemática na Universidade Federal e engenharia
na Universidade Estadual para tornar-se profissional da dança) iniciava
no Rio, o projeto “Intercâmbio Cultural de Dança Rio – Porto
Seguro”. Atualmente, além das aulas de lambada que ministra, dirige
o “Clube do Zouk” que apóia eventos com o objetivo de divulgar os
ritmos “quentes” (samba, forró, lambada/zouk e salsa), além
de promover outros tantos como a “Domingueira do Clube Zouk”.
Mas e a Ana e Giorgio? Aproveitaram
para ver como anda a lambada carioca, pensaram em ir à Ilha dos
Pescadores, mas souberam que esta acabou recentemente com a programação
de salão. Substituiu pelo axé. Em Porto Seguro não
foi muito diferente, o axé dominou os espaços e sobraram
poucos refúgios como o Cazouk, uma casa simples e despretensiosa.
Mas também o Rio não ficou sem
local para acolher os lambadeiros e a dupla foi ao Quebra Mar, na Barra
da Tijuca. Reconheceram Adílio e Renata, que viram em um show da
Cia. Jaime Arôxa dançando a coreografia “Spiritual” - uma
verdadeira peça de arte. Ali, na pista, entre alguns outros artistas
e tantos anônimos, o casal fazia brilhar uma mesma constelação.
Repararam em uma senhora de seus 50 anos - poderia ser uma dona de casa
ou quem sabe uma doutora? No salão, tinha a descontração
de uma adolescente, dançando com desenvoltura os movimentos sinuosos
da lambada. Viram com alegria que apesar de tudo, muita gente, assim como
eles, permitiu que a vida ganhasse um colorido especial, deixando fluir
a arte que os apaixonara.
Próximo, em um grupo de homens
já um tanto “altos”, surge o comentário debochado: “Isto
eu danço na horizontal”. Olharam para trás e lembraram-se
do antigo patrão – o diretor do filme B. Por onde andará?
Será que é feliz?
A dupla levantou-se e foi dançar,
sentindo a magia que os faz ter certeza da escolha feita.
Jornal Dança, Arte & Ação
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