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Por Mychelle Dantas - 2008
Você conhece a história do samba rock, ou apenas “torce” o nariz, pois não aceita que se dance girando em músicas que acredita que foram feitas para cruzados, ganchos e puladinhos? Um velho hábito humano é julgar sem ter conhecimento de causa; e é o que acontece com o samba rock por grande parte dos não paulistas. O que fazer então quem tem opinião diferente? Pesquisar e dividir informação.
Começamos pelo nome. A palavra samba rock foi divulgada para grande massa através da música “Chiclete com Banana” gravada por Gilberto Gil em 1972 no LP “Expresso 222” que marcava sua volta do exílio, apesar de já ter sido gravada com grande sucesso em 1959 por Jackson do Pandeiro. Nos versos de “Chiclete com Banana” composição de Gordurinha e Almira Castilho, se faz uma crítica e um desafio, “Eu só boto bebop no meu samba quando o Tio Sam tocar num tamborim”, fala-se sobre as misturas que a influência estadunidense nos trouxe e as mudanças que podem ocasionar. Culmina sugerindo um termo que resume seu enredo “é o samba rock meu irmão.” Não se tem documentado, infelizmente, o ano exato, quem, ou em que região de São Paulo se começou a adotar este termo para designar a dança bailada pelos negros das periferias.
Com a chegada do rock americano, sem qualquer planejamento, as pessoas começaram a misturar os passos do samba da época ao do rockabilly. Nos bairros, como chamavam e ainda chamam as regiões mais distantes do centro, as famílias em suas festas, batizados, casamentos, dançavam esta nova dança e repassavam de uma maneira instintiva e hereditária. Sempre havia um quintal com um toldo e um vinil tocando aos finais de semana, gente alegre e porta aberta a quem mais quisesse chegar e entrar no mesmo clima. Conta-se que quem viveu esta época com certeza treinara a base da dança com as portas de casa, ou dos armários e os giros “trançados” com toalhas, ou argolas das cortinas.
Com as mudanças políticas e sociais o samba rock chegou aos salões de bailes fora das periferias. Depois que foi introduzido nas grandes academias de dança de salão de São Paulo, o samba rock começou a ser visto com outros olhos pela sociedade, com professores utilizando métodos de ensino a dança chegou à outra parte da população, inclusive sendo descoberta pelos donos de casas noturnas, que passaram a dedicar noites ao ritmo com show e aulas.
O samba rock é vivo e também se modificou ao longo dos anos, porém os “antigos” e os mais modernos convivem em harmonia, independente se concordam, ou não, um com o estilo do outro. Com a possibilidade de se dançar não somente em sambas, mas em jazz, rock, soul, nas músicas das big bands e em outros ritmos musicais em que os dançarinos sentem o desejo de dançar o samba rock, ficaria impossível que a dança não se adaptasse e mudasse com o tempo e as maneiras de praticá-la. O movimento é pulsante e não se restringe a dança, mas a divulgação, fortalecimento e renovação da identidade negra no estado de São Paulo.
Abra seu coração, os olhos, os ouvidos, coloque um sapato confortável e dê um chance ao samba rock. O máximo que pode acontecer é você se apaixonar!
Mychelle Dantas é profissional de dança de salão desde 2002, ministrou aulas diversas academias no Rio de Janeiro e a dois anos se dedica a projetos sociais com o objetivo de educação e inclusão através de uma dança livre e coreografias. Morou cerca de dois meses em São Paulo (2008) e teve o prazer de conhecer melhor o samba rock.
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