Cia Aérea de Dança e João Carlos Ramos

Texto publicado pela Agenda da Dança de Salão Brasileira em 1997. Para informações atuais sobre a Cia. Aérea entre em seu site atual clicando AQUI.


cia aérea. João Carlos Ramos começou na dança aos vinte anos e não teve apoio da família. Cursou dança contemporânea com Graziela Figueroa, Michel Robin, Regina Ferraz e Débora Growald; ginástica harmônica com Carlos Afonso; com Gilberto Motta e Regina Miranda, coreografia e dança de salão com Jaime Arôxa.
A vida de João Carlos Ramos se confunde com a CIA Aérea de Dança. E assim foi durante onze anos, de 1985 a 1996, período que a academia da Cia. Aérea de Dança, no Rio de Janeiro, existiu.

Depois dos trabalhos: "Obra Aluna" com Graziela Figueroa, em 1982, "Yorimatã" com Vera Lopes em 1983 e da premiação na Mostra Novos Coreógrafos e 1984, foi convidado por Márcio Galvão para fazer parte de um projeto do Circo Voador que criava três Companhias Aéreas: a de Teatro, que chegou a produzir alguns espetáculos, a de canto e coral, que logo morreu por falta de condições adequadas e a de dança, cuja formação e direção eram de sua responsabilidade.

Assim nasceu em 1985 a Cia. Aérea de Dança. Os dançarinos deveriam fazer um trabalho de entretenimento para o público do Circo que adorava aquele grupo que abria shows como o do Toninho Horta ou do Flávio Venturini. Ainda em fase experimental, mesmo sem dinheiro nem estrutura ideal (os artistas tinham que se cotizar para comprar figurino), João Carlos já criava coreografias que tinham muito mais a ver com um espetáculo de dança do que com animação pura e simples. Mas seus trabalhos ficavam restritos, e sentindo a necessidade de ampliar seus horizontes e efetivar o grupo como uma companhia de dança, João assumiu o projeto, formalizando a autonomia que no fundo sempre houve, posto que seu trabalho desde o começo se distanciava das diretrizes e interesses do Circo.

A partir do momento em que a Cia se desligou do Circo Voador e formou seu estúdio, houve um grande investimento na academia a fim de gerar receita para montagem dos espatáculos. Coincidentemente a dança de salão estourava no Rio de Janeiro e João estava especialmente dedicado ao estudo e desenvolvimento da dança de salão e a sua inserção em espetáculos, que até então não aparecia em trabalhos de outras companhias.

Essa ligação estreita com a dança a dois criou uma confusão que João faz questão de esclarecer "O fato de eu criar sobre dança de salão não me faz um dançarino de salão, me faz um artista que está falando sobre um tema. O Bandonéon por exemplo, é a fusão da dança contemporânea brasileira com a dança de salão, que gera um terceiro elemento, neste espetáculo eu falo de paixão, algumas pessoas acham que eu falo de tango, escolhi tango como linguagem, é diferente. Só tem um momento em todo o espetáculo que se dança tango, no final."

Outras coreografias famosas são "O Bolero" e "Mistura e Manda", essa última em cima de música de Paulo Moura, fundindo dança contemporânea e dança de salão, no caso samba de gafieira. A Cia realizou a coreografia da abertura da novela Salsa e Merengue, da Rede Globo, com uma nova proposta de dança independentemente do título.

A Cia Aérea de Dança era um grupo de dança que dava; aulas e não uma academia que possuia um grupo de dança. No meio da dança de salão a academia era bem conceituada principalmente pela forma calma e gingada de dançar e, por seu samba.

Desde 1995 realizando trabalho de dança em São Paulo, João Carlos criou lá a João Dança e CIA, no início de 1996, e ao final desse mesmo ano fechou a Academia da Cia. Aérea de Dança no Rio de Janeiro.

"A Cia. Aérea de Dança consegue vôos coreográficos que evidenciam o talento de João Carlos."
(Jaime Arôxa)

"João Carlos Ramos tem a ousadia de coreografar aquilo que é instintivo e espontâneo - e é essa tentativa (eu diria mesmo esse sonho) que faz grande passagem do meramente folclórico para o artístico. Da chama inconsciente para o ato cultural."
(Aldir Blanc)

"A Cia. Aérea de Dança é uma mistura fina da melhor dança popular com um modo vibrante de inventar no rumo do moderno, do novo. Tem gosto de Brasil com a universalidade que só a arte pode dar. Vendo o grupo a gente dança por dentro."
(Herbert de Souza - Betinho)

Em turneé com a Cia. Aérea de Dança exibindo o show "Mistura e Manda" desde maio de 1997 quando foi para o nordeste. Esteve em Aracajú, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza. Em junho, rumo ao norte e centro-oeste, foi para Goiânia, Palmas,Campo Grande, Porto Velho, Rio Branco. Em julho veio para Sampa onde ministrou cursos de samba de gafieira especial e vários de Cabassa. Em agosto voltou para Recife onde esteve ministrando cursos e também participando do festival de dança da região, 4º aniversário de Dança de Salão, no qual concorreu com seu mais novo projeto - A CABASSA.

Para quem não conhece, A CABASSA é o mais novo conceito da danca a dois, reunindo técnica, atividade física, prazer e diversão, o balanço da CABASSA valoriza a criatividade de cada um. O que vale em sua movimentação é dividir a música com alguem, transformando a dança num jogo de aproximação e misterio que envolve que dança e quem vê a dança. Seu lema: "CABASSA impossível não dançar, seu corpo vai querer dançar". Além disso a CABASSA tambem e música, inclusive sendo a primeira de autoria do próprio João Carlos Ramos com a banda Farinha Seca. "O balanço da CABASSA" foi lançado oficialmente em São Paulo no início de julho, no Avenida Club, a casa onde tudo acontece.

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